SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA - DMU:
DESAFIOS PARA O EDUCADOR
A presença de
alunos com algum tipo de deficiência tem se tornado comum e já não é um tabu ou
empecilho para o desenvolvimento de atividades pedagógicas inclusivas na escola.
Com o passar do tempo a comunidade escolar aprendeu (e continua aprendendo) a
lidar com as limitações, sejam físicas, sensoriais, motoras ou cognitivas. Ações
e políticas voltadas para a inclusão de pessoas com deficiência têm surtido
efeitos positivos na rotina escolar. Alunos com surdez, cegueira, paralisia
cerebral e outras limitações têm encontrado, na escola, profissionais
preocupados em lhes proporcionar uma aprendizagem que ofereça o mesmo conteúdo
que aos demais, porém de forma adaptada às suas necessidades. No entanto, existem
dois tipos de deficiência que requerem uma atenção diferenciada em relação às
demais: surdocegueira e deficiência múltipla.
Neste momento
se faz necessário definir surdocegueira e deficiência múltipla. Segundo Lagati
(1995, p.306. In Bosco, 2010)
Surdocegueira é uma condição que apresenta outras
dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo
hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da
cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença, uma condição única e o
impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo.
McInnes
(1999) define surdocegueira como “uma deficiência única que requer uma abordagem
específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este
suporte”. (Bosco, 2010). Além disso ele subdivide as pessoas com
surdocegueira e quatro grupos:
·
Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
·
Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
·
Indivíduos que se tornaram surdocegos;
·
Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira
precocemente.
O autor explica ainda
que pessoas que adquiriram surdocegueira precocemente ou de forma congênita têm
deficiências associadas como físicas ou intelectuais.
Pessoas com deficiência
múltipla são aquelas que "têm mais de uma deficiência associada. É uma
condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando
associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o
funcionamento individual e o relacionamento social" (MEC/SEESP, 2002. In
Bosco, 2010 ).
Por sua natureza, a deficiência múltipla impõe aos
profissionais de educação a necessidade de elaborar ações que visem o
desenvolvimento de situações de aprendizagem capazes de proporcionar resultados
positivos dentro de um processo amplo de inclusão. Esses alunos apresentam
características específicas com necessidades únicas.
A partir dessas definições, espera-se que, ao entrar em uma
sala de aula e se deparar com um aluno com surdocegueira ou deficiência
múltipla, o professor deve estabelecer, junto com o profissional especializado
que o acompanha, estratégias de ensino que respeitem as limitações, desenvolvam
processos que estimulem e privilegiem as potencialidades, ao mesmo tempo em que
possa minimizar as barreiras colocadas pelas limitações, sejam físicas, cognitivas,
sensoriais ou motoras.
Segundo Bosco (2010),
Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar
a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto se
refere a pessoas que possuem como característica a necessidade de ter alguém
que possa mediar seu contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de
códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador
terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa,
visando a lhe proporcionar autonomia e independência.
Portanto,
a comunicação é um dos pilares para o desenvolvimento cognitivo e social de uma
pessoa com deficiência múltipla ou surdo cegueira. Outro aspecto importante é o
posicionamento. Para a mesma autora,
É indispensável uma boa adequação postural. Trata-se de colocar o aluno
sentado na cadeira de rodas ou em uma cadeira comum ou, ainda, deitado de
maneira confortável em sala de aula para que possa fazer uso de gestos ou
movimentos com os quais tenham a intenção de comunicar-se e desfrutar das
atividades propostas.
Para Bosco, além disso, é importante que se proporcione
ao aluno com deficiência múltipla ou surdocegueira momentos em que o esquema
corporal seja favorecido no sentido de se posicionar em relação ao ambiente de
forma a “buscar a sua verticalidade, o
equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a
autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso
motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular."
(Bosco, 2010.)
Referências
BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA,
Shirley R. Coletânea
UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência
Múltipla.
IKONOMIDIS, Vula Maria. Apostila
sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”,2010 sem publicar.
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