Projeto de ensino de LIBRAS

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domingo, 18 de maio de 2014

SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA - DMU: DESAFIOS PARA O EDUCADOR

SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA - DMU: DESAFIOS PARA O EDUCADOR

A presença de alunos com algum tipo de deficiência tem se tornado comum e já não é um tabu ou empecilho para o desenvolvimento de atividades pedagógicas inclusivas na escola. Com o passar do tempo a comunidade escolar aprendeu (e continua aprendendo) a lidar com as limitações, sejam físicas, sensoriais, motoras ou cognitivas. Ações e políticas voltadas para a inclusão de pessoas com deficiência têm surtido efeitos positivos na rotina escolar. Alunos com surdez, cegueira, paralisia cerebral e outras limitações têm encontrado, na escola, profissionais preocupados em lhes proporcionar uma aprendizagem que ofereça o mesmo conteúdo que aos demais, porém de forma adaptada às suas necessidades. No entanto, existem dois tipos de deficiência que requerem uma atenção diferenciada em relação às demais: surdocegueira e deficiência múltipla.
Neste momento se faz necessário definir surdocegueira e deficiência múltipla. Segundo Lagati (1995, p.306. In Bosco, 2010)

Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença, uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo.

McInnes (1999) define surdocegueira como “uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte”. (Bosco, 2010). Além disso ele subdivide as pessoas com surdocegueira e quatro grupos:

·         Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
·         Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
·         Indivíduos que se tornaram surdocegos;
·         Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente.

O autor explica ainda que pessoas que adquiriram surdocegueira precocemente ou de forma congênita têm deficiências associadas como físicas ou intelectuais.

 Pessoas com deficiência múltipla são aquelas que "têm mais de uma deficiência associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social" (MEC/SEESP, 2002. In Bosco, 2010 ).
Por sua natureza, a deficiência múltipla impõe aos profissionais de educação a necessidade de elaborar ações que visem o desenvolvimento de situações de aprendizagem capazes de proporcionar resultados positivos dentro de um processo amplo de inclusão. Esses alunos apresentam características específicas com necessidades únicas.

A partir dessas definições, espera-se que, ao entrar em uma sala de aula e se deparar com um aluno com surdocegueira ou deficiência múltipla, o professor deve estabelecer, junto com o profissional especializado que o acompanha, estratégias de ensino que respeitem as limitações, desenvolvam processos que estimulem e privilegiem as potencialidades, ao mesmo tempo em que possa minimizar as barreiras colocadas pelas limitações, sejam físicas, cognitivas, sensoriais ou motoras.
Segundo Bosco (2010),

Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica a necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe proporcionar autonomia e independência.

Portanto, a comunicação é um dos pilares para o desenvolvimento cognitivo e social de uma pessoa com deficiência múltipla ou surdo cegueira. Outro aspecto importante é o posicionamento. Para a mesma  autora,

É indispensável uma boa adequação postural. Trata-se de colocar o aluno sentado na cadeira de rodas ou em uma cadeira comum ou, ainda, deitado de maneira confortável em sala de aula para que possa fazer uso de gestos ou movimentos com os quais tenham a intenção de comunicar-se e desfrutar das atividades propostas.

Para Bosco, além disso, é importante que se proporcione ao aluno com deficiência múltipla ou surdocegueira momentos em que o esquema corporal seja favorecido no sentido de se posicionar em relação ao ambiente de forma a “buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular." (Bosco, 2010.)

Referências

BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla. 

IKONOMIDIS, Vula Maria. Apostila sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”,2010 sem publicar.